O inferno sao os outros
Na peça entre quatro paredes, encenada pela primeira vez em 1944, sartre mostra uma danaçao eterna sem enxofre, fogo e torturas
Aqui, a falta da liberdade, limitada pelos outros, é interpretada como sendo a pena, por excelência, do inferno
A trama se passa numa sala de vistas, onde três pessoas desconhecidas se encontram
Elas estao mortas e a sala representa o inferno
Nao existem espelhos, nem janelas, nem portas
A luz nao se apaga, numa reflexao sobre o vazio da vida e a falta de esperança
Entre quatro paredes traz um inferno onde todo o sofrimento é infligido pelos outros; pela incapacidade que cada um tem de fugir ao olhar e julgamento alheios
A morte é a objetivaçao final
Nao há como mudar a história, nem como adotar novas posturas em relaçao aos outros e construir um novo sujeito
A vida já foi vivida, decisoes tomadas, nao há como escapar dos rótulos: o covarde, a assassina ninfomaníaca, a lésbica
A peça traz quatro personagens: um criado, duas mulheres e um homem
O criado, sóbrio, recebe seus hóspedes - condenados a uma eternidade em companhia um dos outros, mas alegando inocência
Joseph garcin, desertor, jornalista, falso e cruel com a esposa
Passa mais tempo preocupado com a opiniao dos vivos sobre ele do que com as mulheres a seu redor
Inez serrano é uma lésbica manipuladora, ex-funcionária dos correios, sarcástica e irônica
Nao admite estar fora do comando da situaçao e odeia garcin com a mesma intensidade que deseja estelle, bela esnobe emergente
Estelle traiu seu marido diversas vezes, matou crianças e nao se arrepende
O inferno de sartre é uma parábola da vida
Cada personagem vê no outro sua salvaçao
Mesmo precisando um dos outros, nao cedem
Na verdade, cada um tem prazer em desprezar os que mais precisam de ajuda.