Em a chave de sarah, tatiana de rosnay escreve sobre o passado da frança com uma clareza implacável e oferece um contundente retrato do país sob a ocupaçao nazista, revelando tabus e negaçoes que circundam este doloroso período da história francesa
O livro traz à tona um dos episódios mais vergonhosos da história francesa: a prisao em massa de judeus parisienses no verao de 42, quando quase 13 mil pessoas foram capturadas pela polícia francesa no dia 16 de julho
Levados para o vélodrome d'hiver, uma antiga arena de ciclismo, próxima à torre eiffel, eles ficaram detidos por uma semana antes de serem enviados de trem para auschwitz
A autora explica que para a frança, especialmente para a geraçao nascida no início doas anos 60, a história de vel d'hiv nao faz parte do currículo escolar: "eu nao sabia do que se tratava até o discurso de jacques chirac em 1995 - ele foi o primeiro presidente a admitir a responsabilidade da frança neste evento, sem culpar os nazistas
Essa foi a primeira vez que eu ouvi o termo rafle du vel d'hiv
Eu pensei: tenho que escrever sobre isso, mas como? eu nao sou historiadora, eu nao sou judia, eu nao tenho nenhuma razao legítima para escrever sobre isso, exceto o fato de ser francesa." em a chave de sarah, julia jarmond, uma jornalista americana que vive na frança, é designada para cobrir as comemoraçoes do 60º aniversário do vel d'hiv, episódio do qual ela nunca ouvira falar até entao
Ao apurar os fatos ocorridos, a repórter constata que o apartamento para o qual ela e o marido planejam se mudar pertenceu aos starzynski, uma família judia imigrante que fora desapossada pelo governo francês da ocupaçao, e em seguida comprado pelos avós de bertrand
Julia decide entao descobrir o destino dos ocupantes anteriores - e a história de sarah, a unica sobrevivente dos starzynski, é revelada
A família de sarah foi uma das muitas brutalmente arrancadas de casa pela polícia do governo colaboracionista francês
Michel, irmao mais novo da garota, se esconde em um armário, e sarah o tranca lá dentro
Ela fica com a chave, acreditando que em poucas horas estará de volta
A chave de sarah retrata a sofrida jornada da menina em busca de sua liberdade: dos terríveis dias em campos de concentraçao aos momentos de tensao na clandestinidade, e, por fim, seu paradeiro após a guerra
E à medida que a trajetória de sarah é revelada, mais segredos sao desenterrados
Tatiana de rosnay acredita que nos ultimos anos, especialmente depois das comemoraçoes do 60º aniversário da liberaçao dos campos, os franceses ficaram saturados dos assuntos relacionados à ocupaçao nazista: "eu percebi isso durante a turnê de lançamento do livro
As pessoas o pegavam, liam auschwitz na capa e diziam: `oh, deus'
Entao eu explicava que o livro nao era sobre auschwitz, e sim sobre um episódio organizado pela polícia francesa que aconteceu em paris há 65 anos - e a maioria de nós nao sabe nada a respeito
Entao eles comentavam: `a concentraçao do vel' d'hiv? nós sabemos sobre isso sim'
E eu perguntava: `quem organizou isso?'
`os alemaes', eles respondiam
`quantas pessoas foram presas?' `duas mil', elas diziam
`nao! foram 13 mil, das quais 4 mil eram crianças'." nono romance da autora francesa, e seu primeiro livro escrito em inglês, a chave de sarah já teve seus direitos vendidos para 22 países, incluindo estados unidos, inglaterra, alemanha, espanha e itália - na frança, o romance está nas principais listas de mais vendidos
Os direitos para a história ser filmada também já foram vendidos para um produtor francês.