Durante quase um ano a autora do best-seller comer, rezar, amar estudou a instituiçao do casamento
Elizabeth gilbert descobriu, por exemplo, que entre as mulheres hmong - pequena tribo que habita os picos mais elevados das montanhas do vietna, da tailândia, do laos e da china - nao existe a ilusao, tao comum entre as mulheres ocidentais, de que seus maridos serao a fonte principal da felicidade
Ela descobriu também que o casamento romântico, com vestido branco e véu, é uma novidade criada pela rainha vitória em 1840, e que até 1215, na europa, para duas pessoas casarem, bastava que fossem adultos e trocassem votos em voz alta e por vontade própria
Mas o que é o casamento hoje, por que nos atrai, e como podemos fazer as pazes com essa instituiçao conturbada e vital? é o que revela gilbert, em comprometida, seu novo livro
A história de comprometida começa 18 meses depois do fim do livro anterior, crônica sobre o ano em que a autora enfrentou um divórcio, uma depressao debilitante e outro amor fracassado até que se livrou de todos os bens materiais, demitiu-se do emprego e partiu para uma viagem de um ano pelo mundo, sozinha
Nos ultimos capítulos de comer, rezar, amar, liz gilbert conhece o brasileiro felipe
Naturalizado australiano e divorciado, ele vivia na indonésia quando conheceu liz, 17 anos mais nova - é ele o "coroa" da dedicatória do novo livro escrita em português até na ediçao de língua inglesa
"perto do fim da viagem, encontrei felipe, que havia anos morava sozinho e tranquilo em bali
O que veio em seguida foi atraçao, depois uma lenta corte e, finalmente, para nosso espanto mútuo, amor"
Como todos os que já passaram pelo divórcio, felipe e elizabeth, traumatizados, juraram, nunca, em nenhuma circunstância, casar novamente
"felipe e eu já tínhamos até jurado fidelidade vitalícia um ao outro, embora em particular
O problema é que éramos sobreviventes de divórcios difíceis, e a experiência nos deixou tao feridos que bastava a ideia de um casamento formal - com qualquer pessoa, mesmo com pessoas tao legais como nós dois - para provocar uma sensaçao pesada de pavor", escreve a autora
Mas eis que problemas com a imigraçao americana os obrigam a oficializar a uniao: quando chegavam de uma viagem, um oficial do departamento de segurança interna dos estados unidos deteve o casal e lhes apresentou uma escolha: ou se casavam, ou nunca mais ele entraria no país dela
"os limites e termos do nosso relacionamento mudaram da noite para o dia
De repente, nós dois - ambos avessos ao casamento e sobreviventes de divórcios traumáticos - fomos basicamente sentenciados pelo governo a casar
Eu queria fazer as pazes com a ideia do matrimônio antes de mergulhar nele outra vez", conta a autora, decidida a desvendar o mistério do que é na verdade essa instituiçao "confusa, irritante, contraditória, mas teimosamente duradoura do casamento"
Nos dez meses seguintes, enquanto os dois vagaram pelo sudeste asiático esperando q ue o governo norte-americano os deixasse voltar ao país e se casar, o assunto foi a obsessao da autora: "enquanto viajava com felipe num estado de exílio sem raízes e trabalhava como louca para levá-lo de volta aos estados unidos para que nos casássemos em segurança, a unica coisa em que pensei, a unica coisa que li e quase a unica coisa de que falei com alguém foi o assunto desconcertante do matrimônio." com humor e inteligência, comprometida examina questoes de compatibilidade, paixao, fidelidade, tradiçao familiar, expectativas sociais, os riscos de divórcio e as responsabilidades mais mundanas
Liz gilbert desfaz os mitos, desmonta os medos, constrói uma perspectiva histórica e troca, enfim, fantasias românticas por vitais compromissos emocionais
Assim, o livro se torna uma celebraçao do amor - com toda a complexidade e as consequências que o amor verdadeiro, sem ilusoes, sempre acarretará.