Cotidiano modorrento, um atestado de dispensa do serviço militar e alguns trambiques
Assim o narrador de junky descreve sua vida antes das drogas
Nem mesmo as catástrofes da segunda guerra mundial haviam sido merecedoras de sua atençao
Alguns miligramas de morfina causariam mais impacto
Mescla de confissao - william burroughs foi dependente de narcóticos por catorze anos - e uma objetividade radical, marcada por uma narraçao veloz e sem espaço para reflexoes psicológicas, o livro marcou a estreia do autor na literatura
Escrito em 1949, durante uma temporada de burroughs no méxico, junky discorre sobre experiências com morfina, heroína, cocaína, remédios controlados, maconha e tráfico de substâncias ilegais
Nao obstante alguns percalços iniciais, que atrasaram a publicaçao em quatro anos, o livro resultou num sucesso editorial.nos estados unidos dos anos 1950, as drogas eram um demônio a ser combatido
Em junky nao há lugar para a vergonha, o arrependimento e muito menos a redençao, o que, na época, ia contra tudo o que se considerava util no tocante à abordagem das drogas na literatura
Recheada de confissoes de violência, homossexualismo e teorias extravagantes a respeito dos benefícios filosófico-espirituais da droga pesada, a narrativa causou choque
"estou melhor de saúde agora, depois de ter tomado drogas pesadas em vários períodos da vida, do que estaria se nunca tivesse me viciado", afirma o narrador ao se declarar dependente
O amigo allen ginsberg, que se autointitulava "agente" de burroughs por ter convencido um editor de nova york a publicar o material que uma fila de profissionais havia rejeitado, festeja na introduçao do livro sua "atitude cultural revolucionária"
Décadas mais tarde, junky permanece atual
Para além do fato de ter chocado uma época, sua força está na habilidade de burroughs dar tratamento literário ao que chamou de um "estilo de vida".com introduçao de allen ginsberg.