No começo de 1957, cuba estava sob rígida censura e a ditadura de fulgencio batista afirmava que fidel morrera, liderando os 82 revolucionários que participaram da desastrada invasao do leste da ilha
Coube a herbert matthews, editorialista do new york times, veterano e respeitado correspondente de muitas guerras, romper a censura e, com uma entrevista bombástica, revelar aos públicos norte-americano e cubano que fidel estava vivo e organizava uma guerrilha na sierra maestra
Mais do que isso, matthews escreveu que fidel era "um homem de ideais, de coragem e de notáveis qualidades de liderança", e concluiu que seu movimento era "radical, democrático e, portanto, anticomunista"
Os artigos publicados no times conquistaram o apoio da opiniao pública americana para fidel, o que teria pressionado o governo de dwight eisenhower a suspender a ajuda militar a batista e, em ultima análise, causado sua queda
E quando fidel se revelou cada vez mais esquerdista e, finalmente, marxista-leninista, matthews, mesmo acusado de ter "inventado" fidel, nunca deixou de julgar equivocada a política externa americana em relaçao a cuba, como também continuou obstinadamente afirmando que o líder cubano nao era comunista antes de chegar ao poder
E assim arruinou sua reputaçao de 45 anos de jornalismo, perdeu a credibilidade dentro do próprio times, tornou-se um bode expiatório e foi taxado de inocente util e até de traidor da pátria
Ao narrar a história sombria desse jornalista corajoso, anthony depalma traça o panorama de uma época que vai do romantismo da guerra civil espanhola, na qual matthews cobriu o lado dos republicanos, à paranóia dos tempos da guerra fria, em que ele foi investigado por comissoes macartistas do senado, vigiado pelo fbi e ameaçado de morte por exilados cubanos
E esses fatos históricos servem para propor questoes fundamentais sobre o poder da imprensa, suas relaçoes complexas com a política, sobre os limites da objetividade jornalística.