Marjane satrapi era apenas uma criança quando a revoluçao islâmica derrubou o xá do ira, em 1979
Bisneta do antigo rei da pérsia, ela cresceu em uma família de esquerda, moderna e ocidentalizada, e estudou numa escola francesa e laica
Com a chegada dos extremistas ao poder, as meninas foram obrigadas a usar o véu na escola e a estudar em classes separadas dos meninos
Era só o início de uma série de mudanças profundas em sua vida
Vinte e cinco anos depois, com olhos de menina e consciência política à flor da pele, marjane emocionou leitores do mundo todo ao narrar as tragédias e belezas de seu país nesta autobiografia em quadrinhos
Nao faltam à trama humor e sarcasmo para narrar os acontecimentos políticos de um ponto de vista unico, que desfaz os lugares-comuns sobre o país e conta sua história antiga e recente
Na aparente simplicidade da narrativa e dos desenhos, revelam-se as nuances de um complicado processo histórico, que até hoje tem seus desdobramentos
O regime xiita se radicalizou de maneira tao brutal que até mesmo marjane, aos catorze anos, foi para o exílio na austria, pois a vida no país se tornara uma sucessao de carnificinas, sempre em nome de deus e da justiça
A convivência com a brutalidade leva marjane a desenvolver uma consciência política rara em crianças
Parte de sua revolta vem da constataçao de que sua família, que tem empregada e um cadillac, é privilegiada num país miserável
Nos quatro volumes de "persépolis", o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o ira parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.?trim