Ana cristina cesar deixou em sua breve passagem pela literatura brasileira do século xx uma marca indelével
Tornou-se um dos mais importantes representantes da poesia marginal que florescia na década de 1970, justamente pela singularidade que a distanciava das "leis do grupo"
Criou uma dicçao muito própria, que conjugava a prosa e a poesia, o pop e a alta literatura, o intimo e o universal, o masculino e o feminino - pois a mulher moderna e liberta, capaz de falar abertamente de seu corpo e de sua sexualidade, derramava-se numa delicadeza que podia conflitar, na visao dos desavisados, com o feminismo enérgico, característico da época
Entre fragmentos de diário, cartas fictícias, cadernos de viagem, sumários arrojados, textos em prosa e poemas líricos, ana cristina fascinava e seduzia seus interlocutores, num permanente jogo de velar e desvelar
Cenas de abril, correspondência completa, luvas de pelica, a teus pés, inéditos e dispersos, antigos e soltos: livros fora de catálogo há décadas estao agora novamente disponíveis ao público leitor, enriquecidos por uma seçao de poemas inéditos, um posfácio de viviana bosi e um farto apêndice
A curadoria editorial e a apresentaçao couberam ao também poeta, grande amigo e depositário, por muitos anos, dos escritos da carioca, armando freitas filho
Dos volumes independentes do começo da carreira aos livros póstumos, a obra da musa da poesia marginal - reunida pela primeira vez em volume unico - ainda se abre, passados trinta anos de sua morte, a leituras sem fim."ana c
Concede ao leitor aquele delicioso prazer meio proibido de espiar a intimidade alheia pelo buraco da fechadura
Um dos escritores mais originais, talentosos, envolventes e inteligentes surgidos ultimamente na literatura brasileira." - caio fernando abreu, 1982"um texto ultrassintético, desdobrável em muitas leituras, mas nunca esgotável
Eu sou apenas um eterno deslumbrado com a poesia, a prosa e a pessoa da carioca." - reinaldo moraes, 1982"entre ana e o texto, entre ana e a vida, havia a elipse, o prazer do pacto secreto com seu possível interlocutor
A isso ela chamava `páthos feminino'
Disso, ela fez seguramente a melhor e a mais original literatura produzida dos anos 1970." - heloisa buarque de hollanda, 1984"ela nao foi - ela fica - como uma fera." - armando freitas filho, 1985"ana cristina cesar deixou uma obra poética absolutamente singular no panorama da literatura brasileira do século xx." - joana matos frias, 2005"ana cristina, assim como outros poetas de sua geraçao, debate-se com o agora." - viviana bosi, 2013