Três meses confinada num banheiro minúsculo com mais sete mulheres famintas e aterrorizadas, sem condiçoes mínimas de higiene, saúde e alimentaçao, lutando contra o desespero e ouvindo as vozes dos assassinos que queriam matá-la cruelmente
O período de tortura física e psicológica é só uma parte do que a jovem immaculée ilibagiza teve que suportar, aos 22 anos, para escapar dos soldados que exterminaram sua família e seu povo durante o genocídio que destruiu ruanda em 1994
Naquele ano, em apenas cem dias, mais de um milhao de ruandeses foram barbaramente assassinados num holocausto provocado por conflitos étnicos ancestrais entre tútsis e hútus, principais etnias do país africano
Da noite para o dia, a vida da tútsi immaculée, filha de um respeitado casal de professores líderes de sua aldeia, mudou de forma radical
Os jovens hútus, que antes eram seus vizinhos, colegas de turma e até amigos, tomaram o poder e se transformaram em caçadores, treinados para matar os inimigos "como baratas", violar mulheres, esquartejar crianças e torturar todos os rivais que encontrassem pela frente
Unica mulher de quatro irmaos, immaculée conseguiu asilo na casa de um pastor hútu
Armados com facoes, os extremistas hútus do movimento juvenil interahamwe (aqueles que atacam em conjunto) revistaram a casa do religioso várias vezes, mas nada descobriram, segundo conta a autora, por puro milagre
Antes de 1994, immaculée era uma jovem feliz e esperançosa
Adorava seu país, tinha uma família unida e respeitada e gostava de estudar
Nao conhecia a diferença que segregava os tútsis e os hútus quando a morte do presidente hútu de ruanda, juvenal habyarimana, desencadeou o massacre frenético que destruiu sua vida idílica e obrigou sua família a se separar para sempre em plena comemoraçao de páscoa
Em sobrevivi para contar, escrito em forma de depoimento ao jornalista steve erwin, immaculée conta, sobretudo, como conseguiu sobreviver emocionalmente ao massacre de sua família, cujos detalhes inacreditáveis ela também revela em sua narrativa de surpreendente final feliz
Salva pelas forças da onu com a ajuda de soldados tútsi da fpr (força patriótica de ruanda), immaculée emigrou para os estados unidos, onde passou a trabalhar para as naçoes unidas, em nova york, casou-se e reconstruiu a vida
Atualmente, direciona seus esforços à organizaçao que criou para amparar sobreviventes de guerras e genocídios.