Livro - uma garrafa no mar de gaza um homem-bomba se explodiu dentro de um café em jerusalém
Seis corpos foram encontrados
Uma garota, que se casaria naquele dia, morreu junto com o pai ¿algumas horas antes de vestir seu lindo vestido branco¿
E tal nao consegue parar de pensar em tudo isso
Depois de ouvir o estrondo de dentro da própria casa, ela escuta as conversas ao redor, vê as imagens do desastre na tv - o noivo desconsolado, a mae arrasada, a família em prantos - e se pergunta sobre todas as outras mortes e todas as outras famílias que sofreram com tantos atentados que parecem nao ter fim
Quem será a próxima vítima? e se fosse você? o que faria hoje se soubesse que sua vida acabaria amanha? e se seu pai, sua mae, seu namorado e sua melhor amiga morressem de uma hora para outra? cheia de perguntas na cabeça, tal começa a escrever - ela, que ainda nao tinha decidido se seria cineasta ou pediatra, mas nunca tinha cogitado ser escritora..
E entao, numa aula de biologia qualquer, a menina percebe que aquilo que era só um desabafo na verdade deveria ser uma carta - com suas perguntas, seus anseios e sua história -, escrita especialmente para alguém da faixa de gaza, de preferência do sexo feminino e que também tivesse dezessete anos
Assim, tal coloca todos os seus pensamentos em uma garrafa e pede ao irmao, que prestava o serviço militar perto de gaza, para lançá-la ao mar naquela regiao
E quem estava do lado de lá para recebê-la era nao uma jovem de ¿longos cabelos escuros¿, mas um certo gazaman, um garoto que teimava em revelar a sua identidade porque, ao contrário dela, já nao acreditava numa soluçao possível em terras em que ¿uma explosao significa necessariamente um atentado¿
Mas aos poucos aquilo que era raiva, amargura e descrença vai se transformando em amizade e alguma remota esperança de que, algum dia, mais cartas e e-mails sejam trocados e conversas francas como a deles possam trazer a paz para mais perto dos palestinos e israelenses.