As cem melhores crônicas brasileiras do século ela nao discursa, nao tem empáfia nem o compromisso de informar o que está acontecendo
Está no jornal, mas nao ocupa espaço de notícia
Abusa da liberdade e quer distância da solenidade
Está no detalhe, no mínimo, no escondido, nas banalidades, na descontraçao do cotidiano
Como define ainda o curador joaquim ferreira dos santos, a quem coube a tarefa de escolher as cem melhores crônicas brasileiras do século para esta antologia que chega às livrarias a partir de 28 de junho, o gênero é uma fina iguaria com direito à eternidade no paladar do leitor
E chefes e receitas nao faltam nessa cozinha, revela joaquim neste volume que forma agora uma trilogia com os anteriores os cem melhores poemas e os cem melhores contos brasileiros do século
Dos "reis" do gênero rubem braga e luis fernando veríssimo a novatos que cultivam o gênero na internet, como o pernambucano xico sá, passando pelos "príncipes" joao do rio, nelson rodrigues, paulo mendes campos, antônio maria e fernando sabino, estao lá todos os craques? e as craques? que fizeram o brasileiro gostar de ler através dos jornais, introduzindo uma multidao à leitura de qualidade literária
"quem nao tinha acesso aos livros, ia aos jornais e encontrava temas de sua rotina transformados em boa literatura feita com qualidade, leveza e personalidade, em textos que até hoje podem ser lidos com o mesmo frescor, sem nota de pé de página", lembra joaquim, para quem a crônica nao tem nada de efêmera: "ela é um gênero brasileiro por excelência, cuja durabilidade nao corre nenhum risco
A internet, que poderia significar esta ameaça, está longe disso
Ao dar espaço para relatos do cotidiano, da banalidade, já se tornou o paraíso da crônica contemporânea".