Dignidade!: nove escritores vivenciam situaçoes-limite e relatam o o comovente trabalho da organizaçao médicos sem fronteiras os médicos sem fronteiras (msf) sao uma organizaçao médico-humanitária internacional - ganhadora do prêmio nobel da paz de 1999 -, formada por cerca de 20 mil profissionais de diferentes areas, espalhados por 65 países, que trabalham de modo a associar socorro médico e testemunho em favor das populaçoes em risco
Em 2011, a instituiçao completou 40 anos e, para celebrar a data, convidou nove escritores de diferentes nacionalidades para visitar projetos de ajuda humanitária do msf em alguns dos países mais pobres do mundo
Estes escritores cederam seu tempo e talento para contar essa experiência
Os textos transitam entre a realidade e a ficçao e chamam atençao para a situaçao daqueles encurralados por conflitos armados, fome, epidemias, desastres naturais e exclusao social
Vargas llosa, por exemplo, nos relata o problema crônico dos estupros no congo e eliane brum escreve um texto emocionante sobre a doença de chagas na bolívia - realidades para as quais o mundo parece fechar os olhos
Eles estiveram lá, testemunharam cenas ora absurdas, ora comoventes, acompanharam histórias fabulosas de gente que vive, todo dia, situaçoes-limite, aprenderam sobre superaçao humana e esperança - mas também sobre a dureza da vida e sobre as consequências da ganância, do odio, do desprezo, da intolerância às diferenças
Contando suas histórias, esses escritores ajudam a denunciar a violência nas regioes visitadas e a restabelecer a dignidade dessas pessoas no mundo
"o problema número um do congo sao os estupros", disse o doutor tharcisse
"matam mais mulheres que o cólera, a febre amarela e a malária
Cada bando, facçao, grupo rebelde, inclusive o exército, onde encontra uma mulher procedente do inimigo, a estupra
Ou melhor, a estupram
Dois, cinco, dez, quantos sejam
(...) uma mulher de 87 anos, violada por dez homens
Sobreviveu
Outra, de 69, estuprada por três militares, tinha na vagina um pedaço de sabre
Está sendo cuidada há dois meses e suas feridas ainda nao cicatrizaram." marcio vargas llosa