Concebido originalmente como roteiro cinematográfico, a traiçao de rita hayworth (editora josé olympio), primeiro romance do argentino manuel puig, publicado em 1968, mostra o seu estilo já bem definido: é um relato semi-autobiográfico que analisa a influência dos filmes na cultura e no dia-a-dia de uma pequena cidade da argentina entre os anos 1930 e 40, com seus sonhos, frustraçoes, símbolos e mitos
A linguagem de puig busca uma fidelidade e uma intimidade com o coloquial, construindo a narrativa de formas inusitadas - conversas telefônicas, cartas, diários, redaçoes e diálogos de filmes.puig, que ficou mundialmente famoso com o beijo da mulher-aranha e é lembrado como um dos grandes nomes da literatura latino-americana do século 20, se destacou pela singularidade e pela força de seus trabalhos, desconstruindo peças da cultura popular - o cinema, os folhetins - e realizando uma colagem arrebatadora nas páginas de seus romances
"manuel puig foi responsável por um redirecionamento tanto no modo global de escrever telenovelas (que passou a se distanciar dos padroes da radionovela) quanto na técnica de composiçao de alguns dos melhores romances da atualidade", escreveu silviano santiago em artigo publicado no jornal o estado de s
Paulo
"é o primeiro a apresentar como vanguarda artística o movimento subterrâneo, silencioso e infrator na indústria cultural norte-americana que susan sontag chamou com propriedade de `camp'."a traiçao de rita hayworth, que chegou a ter problemas com a censura, alcançou imediato sucesso na argentina, na espanha, na frança, na itália e nos estados unidos
Foi bem acolhido por crítica e público, sendo incluído pelo jornal le monde na lista dos cinco melhores livros estrangeiros publicados na frança no final da década de 1960.