Em seu primeiro livro de nao ficçao, comer animais, jonathan safran foer, autor do premiado tudo se ilumina, publicado pela rocco, mergulha no mundo da chamada pecuária industrial nos estados unidos - a criaçao intensiva de aves, porcos e bois -, assim como na pesca em larga escala e suas implicaçoes para o meio ambiente
Após três anos de pesquisas, o resultado é um panorama assustador
Vegetariano esporádico, safran foer começou a pensar mais seriamente em suas opçoes alimentares quando seu filho mais velho nasceu
A preocupaçao com a origem da carne e a forma como é processada o levou a investigar a indústria alimentícia e, apoiado em estatísticas do governo americano e em fontes acadêmicas e industriais, ele teve a oportunidade de ouvir insiders do negócio, cientistas, membros de entidades defensoras dos direitos dos animais, chegando até mesmo a invadir uma granja e a testemunhar as terríveis condiçoes do local
Esse apanhado de dados é de arrepiar o mais devoto carnívoro: a indústria de carne ocupa cerca de 1/3 das terras do planeta, o setor pecuarista é responsável, globalmente, por 18% das emissoes de gás estufa e um só método de pesca, o feito com espinhéis, mata 4,5 milhoes de animais anualmente, incluindo 3,3 milhoes de tubaroes, 60 mil tartarugas marinhas e 20 mil golfinhos e baleias
Além disso, a criaçao animal usa, a cada ano, 756 milhoes de toneladas de graos e cereais para alimentar aves, porcos e gado bovino, bem mais do que o necessário para alimentar o 1,4 bilhao de seres humanos que vivem em extrema pobreza, cenário que tende a se agravar com o avanço do consumo dos variados tipos de carne em países emergentes como a china e a india
Em ultima análise, safran foer pede aos leitores que ponderem sobre a decisao moral de comer outro ser vivo e que, se necessário fazê-lo, lutem por mudanças que permitam aos animais serem tratados com compaixao e dignidade, de forma que mesmo o abate seja feito de maneira que provoque o mínimo de sofrimento possível a aves, porcos e bois.