Dando seguimento à série histórias do tempo em que os bichos falavam, ernani ssó reuniu quatro dos melhores contos de gigantes
Histórias de deixar qualquer um aterrorizado, com medo de virar churrasquinho de gato a qualquer minuto
Qual criança nao sente uma atraçao incrível, com direito a frio na barriga, ao se imaginar sendo perseguida por um gigante, que berra "sinto cheiro de carne humana!"? dizem que o medo mais primitivo é o medo de ser devorado
Como confessa ernani ssó,"se nao é verdade, bateu na trave, pelo menos no meu caso.ainda lembro do arrepio que me acompanhava na cena da chegada do gigante, fungando para todos os lados antes de anunciar a minha fraqueza irremediável"
Mas esse é também um arrepio de prazer
Pois é assim que funcionam as histórias: comelas vivemos as maiores aventuras sem ter de sair do nosso quarto.e é por isso que ernani escreveu um livro todo de histórias de gigantes,para judiar,no melhor dos sentidos, de seus leitores
Sejam gigantes devoradores de gente, sejam brutamontes de quem temos medo de apanhar na hora do recreio, ou apenas uma amostra de que a força bruta, sem inteligência, nao serve para muita coisa, a encrenca é sempre a mesma: nós somos nanicos e frágeis, soltos num mundo governado por forças descomunais
Sao quatro histórias do folclore,muito bem temperadas e ilustradas com primor por nelson cruz, que deu um depoimento sobre este trabalho: "se as histórias têm cor, esses contos de gigantes, do ernani, a meu ver, só poderiam ser pintados com os amarelos, laranjas, vermelhos e marrons
Ou seja, os tons sépia que lembram épocas e histórias distantes
Esses tons também sao para mim as cores das minhas lembranças de menino, cores da memória, de coisas antigas".