Héctor abad nos revela neste seu livro de receitas para mulheres tristes mais da sua sensibilidade humana e muito do seu talento literário, adotando gêneros desprezados, que nem literários sao considerados, e os reinventando como boa literatura, sem lhes roubar a simplicidade.a ironia está presente em todas as páginas, mas nunca é corrosiva
Logo de saída, o autor anuncia que ninguém tem a receita da felicidade, para em seguida afirmar que em seu "largo trato com frutos e verduras, com ervas e raízes, com músculos e vísceras de diversos animais silvestres e domésticos" descobriu "alguns atalhos de consolaçao"
E como um bom sábio-bruxo, sempre pronto a sorrir de si mesmo enquanto aconselha, faz boas mágicas com as palavras
Fala num cálido sussurro, como que socorrendo uma irma, convidando-a a refletir sem alarde, com conselhos simples, e a dar umas boas risadas com suas piadas de alto calao.e assim, quase nao querendo, visita com esses atalhos os principais tópicos que mais preocuparam os filósofos do bem viver
Fala da angústia diante da finitude e da velhice, da imensa dor do luto, dos dilemas éticos nas relaçoes amorosas
Mas também de questoes mais comezinhas - e por vezes mais prementes -, como os incômodos da menstruaçao, a frigidez, o mau hálito, a constipaçao intestinal.nao há hierarquia, porém
Cada texto tem sua cor, sua filigrana, e juntos formam um precioso livro-caleidoscópio que dá pena de largar e vontade de reler sem fim, sob outra luz
O convite é claro e transparente: "leia este falacioso ensaio de feitiçaria: o encantamento, se valer, nada mais é que seu som - o que cura é o ar que as palavras emanam"
Feliz de quem o aceitar.twitter oficial do autor: @hectorabadfblog oficial do autor: http://blogs.elespectador.com/habad/