Os processos de medicalizaçao e patologizaçao da vida e da política sao crescentes no mundo contemporâneo, assumindo proporçoes que conseguem nos surpreender - e até assustar - novamente, a cada dia..
As diferenças que caracterizam e enriquecem a humanidade sao tornadas transtornos
Desigualdades sao escamoteadas, transformadas em doenças
As questoes coletivas, de ordem política, social, econômica, cultural, afetiva, que afligem milhoes de pessoas, sao transformadas em individuais e reapresentadas como doenças, transtornos, distúrbios
Problemas políticos sao tornados biológicos, inatos à pessoa
Uma vez classificadas como doentes, as pessoas tornam-se pacientes e consequentemente consumidoras de tratamentos, terapias e medicamentos, que transformam o próprio corpo e a mente em origem dos problemas que, na lógica patologizante, deveriam ser sanados individualmente
As pessoas é que teriam problemas, seriam disfuncionais pois nao se adaptam, seriam doentes pois nao aprendem, teriam transtornos pois sao indisciplinadas
Vivemos a era dos transtornos, em que os interesses que alavancam os processos medicalizantes ampliam seus tentáculos
Vivemos a era do biopoder, em que todos somos bioconsumidores
Nesse contexto, desde os anos 1970, pesquisadores brasileiros de diferentes areas da saúde e da educaçao vem estudando esses processos de patologizaçao da vida, difundindo críticas e possibilidades diferentes, em periódicos científicos e na formaçao dos futuros profissionais
Sempre enfrentando dificuldades, por assumirem concepçoes contra-hegemônicas, mas construindo caminhos e possibilidades
A partir das apresentaçoes no ii seminário internacional, os palestrantes elaboraram textos e os disponibilizaram para o fórum sobre medicalizaçao da educaçao e da sociedade
Este material é agora tornado acessível a todos os interessados, neste livro.organizadores:cecília azevedo lima collares, maria aparecida affonso moysés e mônica cintrao frança ribeiroimagem meramente ilustrativa.