Georges simenon reinventou a literatura de mistério
Antes dele, o que definia os romances do gênero era a busca pelo assassino
O escritor deixava uma série de pistas ao longo do livro e cabia ao leitor, ao fim, juntar as peças para tentar adivinhar a identidade do criminoso
Depois do surgimento do comissário maigret, em 1931, o cenário mudou
Simenon fez da identidade do matador uma questao menor em relaçao ao que realmente importava para ele: as motivaçoes do crime
Seus assassinos nao sao apenas viloes, mas personagens complexos, de grande densidade psicológica, para quem o crime é por vezes a unica saída
A pergunta nao era mais "quem matou", mas "por quê"? maigret, nesse sentido, é uma mistura de policial, detetive e psicólogo, sempre disposto a decifrar as mínimas nuances da personalidade de quem está investigando
Em a noite da encruzilhada, maigret tenta desvendar os motivos da morte de um vendedor de diamantes
O corpo foi encontrado na mansao de carl andersen, um milionário dinamarquês, mas maigret o interroga por dezessete horas, sem sucesso
Talvez a irma dele, else, que vive trancada num quarto da mansao, tenha a chave para o mistério
A popularidade do comissário maigret - seu personagem mais famoso - e as diversas adaptaçoes para o audiovisual contribuíram para reforçar a imagem de georges simenon como um autor de livros para consumo rápido
Nada mais equivocado
Simenon figura entre os grandes escritores do século xx
Entre seus milhares de admiradores ilustres, andré gide, charles chaplin, henry miller, william faulkner e federico fellini eram os primeiros da fila
Além das muitas histórias policiais, produziu 41 "romances duros", obras em geral maiores no tamanho e na ambiçao, construídas fora dos esquadros das tramas de investigaçao e nao raro incluídas no cânone da literatura europeia.