Um trabalho memorável de umberto eco em sua melhor forma.um tratado sobre o mecanismo do odio, e espécie de síntese da história do preconceito, o livro causou desconforto em setores mais conservadores da sociedade italiana, principalmente entre religiosos, por misturar personagens históricos a um anti-herói fictício, cínico e maquiavélico, capaz de tudo para conseguir se vingar de padres, jesuítas, comunistas, mas, principalmente, dos judeus
Repleto de teorias da conspiraçao, falsificaçoes, assuntos maçônicos e detalhes da unificaçao italiana, é no antisemitismo que repousa o coraçao da narrativa.o cemitério de praga também lembra um dos mais impressionantes episódios de falsificaçao da história: os protocolos dos sábios de siao, um texto forjado pela polícia secreta do czar nicolau ii para justificar a perseguiçao aos judeus
Os escritos, que se acredita terem sido baseados em um texto francês - diálogos no inferno entre maquiável e montesquieu - descreviam um suposto plano para a dominaçao mundial pelos israelitas
E serviriam de inspiraçao a hitler para os campos de concentraçao
O odioso simonini, que o próprio autor define como um dos mais repulsivos personagens literários já criados, é um mestre do disfarce e da conspiraçao
Um falsário a serviço de vários governos
Do nordeste italiano até a sicília de garibaldi, das favelas de paris às tabernas alemas, passando por missas negras, o bombardeio a napoleao iii, a comuna de paris, o caso dreyfus, o ressurgimento, simonini é todas as revoluçoes, as más escolhas, os erros do século xix, que eco reconstrói com grande rigor histórico, entre tomadas de poder e revoluçoes
Com ares de novo clássico, o cemitério de praga leva as mentiras históricas a novos patamares e revela, ainda, ferramentas usadas por falsários e propagandistas.