O médico francês olivier ameisen trabalhava em um dos mais respeitados hospitais universitários dos estados unidos, atendia pacientes famosos em seu consultório em manhattan e tinha uma bela namorada
Era um cardiologista brilhante quando o alcoolismo tomou conta da sua vida
Como acontece com a maior parte das vítimas da doença, começou a beber pouco a pouco; uma dose para vencer a ansiedade, outra para relaxar ou desinibir
Parecia tarde demais quando percebeu que nao podia mais passar um dia, algumas horas, sem beber
Já sem qualquer controle da própria vida, entre as internaçoes em centros de desintoxicaçao, as reunioes dos alcoólicos anônimos e as inevitáveis fases de bebedeira, travava uma batalha diária contra o preconceito, o medo e o desejo de beber
Como médico, no entanto, nao perdia a esperança de que um dia encontrassem uma cura para a doença
Foi quando descobriu que o baclofeno, uma droga de patente livre e já largamente utilizada contra espasmos musculares, inibia com eficiência o desejo de beber se usada em doses determinadas
Servindo de cobaia, começou a tomar doses diárias do remédio e há cinco anos está completamente indiferente ao alcool
"comecei tomando cinco miligramas por dia
Além da diminuiçao do desejo de beber, os primeiros efeitos foram uma sensaçao mágica de relaxamento muscular e um sono de bebê
Quando cheguei ao máximo de 270 miligramas diárias, senti que estava curado
Hoje posso tomar um copo de bebida sem sentir qualquer efeito do alcoolismo", afirma ele, que atualmente dedica-se a divulgar o uso do baclofeno no tratamento da dependência química e a incentivar novas pesquisas sobre a droga
Em o fim do meu vício, olivier ameisen confessa suas fraquezas e conta todo o doloroso processo entre o diagnóstico e a cura com sinceridade e coragem comoventes
O livro é um relato desconcertante e ao mesmo tempo uma oportunidade de descobrir como é possível superar os estragos provocados pelo alcoolismo
"só um em cada cinco alcoólatras para de beber sem ajuda de um tratamento
Isso significa que precisamos descobrir um jeito de ajudar as outras 80% das vítimas que nao conseguem
As evidências indicam que força de vontade e espiritualidade nao sao suficientes para salvá-las", alerta o médico, lembrando que tratamentos como os 12 passos do aa sao eficientes para manter o alcoólatra longe do copo, mas nao levam à cura, definitiva da doença.