Melhores contos marques rebelo herdeiro da tradiçao carioca de manuel antonio de almeida, machado de assis e lima barreto, marques rebelo recriou através da ficçao, com muita mordacidade e algum lirismo, a vida da cidade nas décadas de 1930 e 1940
Depois dessa fase, dedicou-se de preferência ao romance, escrevendo apenas três contos
Foi uma época rica em acontecimentos, assinalada por ditaduras, revoltas armadas, conflitos, perseguiçoes políticas
A vida material se tornou mais complexa, multiplicaram-se os automóveis, a cidade cresceu, mas a vida humana continuou com as mesmas angústias e esperanças
A pequena burguesia carioca, residente na zona norte e nos subúrbios, de onde o escritor extraía a maior parte dos personagens de seus contos, penava com a dureza do cotidiano e do emprego modesto, acompanhava os programas de rádio (sao inúmeros os contos em que os personagens ouvem rádio), esbaldava-se no carnaval, freqüentava cinemas nos fins de semana, torcia e sofria pelo seu time de futebol
Muitos viviam em casas de pensao, abundantes na cidade
Os mais privilegiados dispunham de vitrola ortofônica, onde ouviam os discos de francisco alves
As aspiraçoes individuais eram modestas
Todos queriam mais ou menos a mesma coisa: mudar de vida, enriquecer, arranjar um(a) amante
Nessas vidas modestas e incolores, o escritor encontra material para os seus admiráveis contos, escritos com arte refinada, em linguagem coloquial e diálogos vivos, reveladores da psicologia dos personagens
Escritos com implacável ironia, os contos de rebelo sao marcados também por um permanente desencanto, como se o escritor indagasse: vale a pena viver? em raros momentos, a piedade pelos destinos frustrados estabelece uma inusitada atmosfera de simpatia humana
O lirismo só predomina quando a nostalgia domina o escritor, na evocaçao de episódios da infância e da mocidade.