Alemanha, século xix
Na cidade de wandernburgo, um viajante enigmático desce de sua carruagem e bate à porta de uma pousada
Hans pretende descansar e continuar sua jornada, mas logo é atraído pela cidade cujas ruas parecem mudar de lugar a cada dia
Quando está prestes a partir, a sabedoria de um velho tocador de realejo faz com que, intrigado, fique mais alguns dias
Hans se dispoe a ir embora novamente, mas conhece a inteligente e insinuante sophie, por quem se apaixona
No entanto, há uma questao que se coloca entre eles: ela foi prometida a um membro de uma das famílias mais notáveis do vilarejo, e qualquer mudança de rumo trará consequências fatais
A labiríntica wandernburgo é uma cidade irreal; mas seus habitantes - com suas questoes políticas, sociais e literárias - nos levam a refletir sobre temas tao reais quanto eternos: a transformaçao pelo amor e pela literatura, e o que de fato vale a pena em meio ao progresso material
A partir de um microcosmo imaginado, andrés neuman discute em o viajante do século questoes políticas, sociais e literárias do século xix, mas de uma forma inusitada: com o olhar de um observador do século xxi
Selecionado pelos jornais el país e el mundo como um dos cinco melhores romances em língua espanhola de 2009, a obra condensa e discute os conflitos da europa antiga e moderna, por meio de uma história repleta de mistério, humor e paixao
Andrés neuman conta que investigou muito sobre a época pós-napoleônica, a revoluçao industrial e o início do feminismo para escrever o romance e "poder inventar melhor"
Trabalhou durante seis anos, dos quais 730 dias passou só fazendo anotaçoes e construindo os personagens
Demitiu-se do cargo de professor de literatura hispano-americana na universidade de granada para se dedicar totalmente à escrita, o que lhe valeu o prêmio nacional da crítica na espanha, em 2009, e o prêmio alfaguara de romance
"foi um ato de fé
Preferia fracassar a ficar imaginando o que poderia ter feito
Para sobreviver ia escrevendo artigos, dava conferências, mas fiquei sem salário
Só nao me prostituí
Também, nao iam me pagar muito", diz o bem-humorado autor
Antes de o viajante do século, neuman foi professor de futebol e vendedor de sorvetes, mas nao demorou a alcançar reconhecimento como escritor
De roberto bolaño ouviu simplesmente: "a literatura do século xxi estará nas maos de andrés neuman e de muito poucos dos seus irmaos de sangue." o jovem escritor nascido na argentina mas criado na espanha, nao queria acreditar em tamanho elogio
Ligou para o autor de "2666" e bastou uma conversa para se tornarem amigos
Falaram durante horas sobre poesia japonesa, arquitetura e rock'n'roll
Viram-se apenas uma vez e mantiveram uma amizade epistolar e telefônica até a morte de bolaño, em 2003
Neuman costuma dizer que a literatura para ele é tao importante que há um antes e um depois de aprender a escrever: "era triste, nao sei por que, até que descobri a escrita e comecei a inventar histórias
Gostava de mentir
Se a minha mae me perguntava pela escola, inventava logo um incêndio, com carros dos bombeiros
Escrever é uma dependência, uma necessidade
Quando acabo um livro é como se a minha família tivesse morrido."