Segundas intençoes: vestindo o corpo moral mais de uma década depois de lançar a alma imoral, o rabino nilton bonder apresenta um contraponto ao best-seller que foi transformado em peça de teatro: segundas intençoes, livro no qual ele dá voz ao corpo para que este se defenda dos excessos cometidos pela alma
A obra nasceu do desejo de se aproximar do comportamento humano e reconhecer nele uma natureza ambígua, que mescla verdades e mentiras para formar a essência de cada um
De acordo com o rabino, enquanto a alma anseia por ser livre, o compromisso do corpo é com a verdade
Cabe a ele criticar a alma para que esta consiga administrar bem o equilíbrio
Ao longo de cinco capítulos, bonder fala de impulsos, motivaçao, honestidade e consciência, discutindo conceitos como compromisso e livre-arbítrio
Para o autor, a moral ou a malícia podem se manifestar tanto no vício quanto na virtude
Segundo bonder, a intençao é produzida no presente e interfere na qualidade de açoes e reaçoes
E nela, o ser humano se revela e ganha identidade
Desta forma, conforme nos tornamos mais responsáveis por nossos atos, aumenta nossa capacidade de nos culpar ou desculpar, bem como de perceber os motivos que nos levam a fazer algo
Quando avaliamos negativamente nossas atitudes, nos sentimos culpados
Caso o balanço seja positivo, o sentimento é de realizaçao
Nossas segundas intençoes, entao, revelam o impulso dentro do impulso, o que quereríamos por trás do desejo
Bonder alerta que é preciso tomar cuidado com essas segundas intençoes: sua funçao é administrar o desejo e a vergonha em um unico momento, mas nao passam de imagens e representaçoes
É preciso tentar fazer com que voltem à condiçao de primeiras intençoes, permitindo que a consciência recupere seu potencial criativo
Para o rabino, a verdadeira essência da vida está no uso e nao na posse.