Três anos apenas após a morte de beethoven, a estréia em paris, em 1830, da sinfonia fantástica, a primeira obra do gênero de hector berlioz, significou uma verdadeira revoluçao para a história da música
Assim como a fantástica renova a sinfonia, cruzando-a com o poema sinfônico, as demais formas fixas foram praticadas por berlioz com igual criatividade: haroldo na itália é uma sinfonia sob a forma de um concerto para viola e orquestra; roméo et juliette equilibra-se entre a sinfonia e a cantata, com alguns traços operísticos, e assim por diante
Esta é a razao-como mostra o jornalista e crítico musical lauro machado coelho, neste terceiro volume da coleçao de biografias de compositores que está sendo lançada pela algol editora-para que a música de berlioz, considerada anárquica e anticonvencional, tenha tido muita dificuldade em ser aceita na própria frança
Sinfonia fantástica: vida e obra de hector berlioz é a história de como-na sua vida como na sua arte-este rebelde recusou-se a submeter-se a outra coisa senao a seu próprio: desde a opçao de tornar-se músico, contrariando a vontade do pai de que ele fosse médico, até a construçao de uma obra que é de constante e agressiva originalidade
Músico genial, crítico exigente, ensaísta inspirado e dono de uma prosa ironicamente elegante-o que faz de suas memórias uma leitura deliciosa-berlioz é o típico artista romântico polivalente, aberto a todas as experiências do espírito
Neste livro-o primeiro a ser publicado em português a seu respeito-lauro machado coelho nos faz também conviver com um ser humano intransigentemente apaixonado, cuja vida reflete claramente a riqueza de aspectos de uma das fases mais fascinantes da história da arte européia.