Assim que a noite cai e os contornos diurnos das coisas e das pessoas começam a se confundir, começam igualmente a ceder as muralhas que todos nós erguemos contra o desconhecido
É a hora das sombras furtivas, dos ruídos suspeitos, quando basta um momento de descuido para que nossas apreensoes e pesadelos ameacem ganhar presença palpável
É esse o domínio do conto de horror, que flerta com essa zona cinzenta e incerta de nossas vidas e a transforma em literatura
Nesta antologia de contos de horror do século xix, o escritor alberto manguel reuniu, especialmente para o público brasileiro, a fina flor do medo
Tao antigo quanto a civilizaçao, o conto de horror define suas regras e chega a seu apogeu na literatura anglo-saxônica, na linhagem de escritores que vai da "gótica" ann radcliffe a edgar allan poe e h
P
Lovecraft
Mas manguel nao se contenta apenas com os mestres mais conhecidos do gênero, como henry james, guy de maupassant ou robert louis stevenson
Convoca escritores de toda estatura e de várias línguas, do português de eça de queiroz ao iidiche de lamed schapiro
Nesse percurso, o leitor transita por todos os ambientes e resvala em todos os motivos do conto de horror: igrejas em ruínas, subsolos pútridos, jardins ermos, prisoes e campos de batalha, criaturas invisíveis, mortos-vivos, animais espantosos e espelhos encantados
Tudo isso em sua poltrona preferida, em (relativa) segurança, desfrutando ainda do ultimo charme deste livro: novas traduçoes de todas as narrativas, cada uma a cargo de um nome expressivo da cultura brasileira contemporânea.?trim