Doze pessoas que sofreram (ou estao para sofrer) uma experiência muito próxima da morte se reúnem para jantar no antigo mosteiro abandonado de uma ilha, durante as férias de verao
Ao longo da noite cada um conta a sua história
A certa altura, o narrador recebe de outro convidado uma caixinha de madeira com quatro letras entalhadas na tampa, como um código, e dali em diante passa a viver a obsessao de decifrá-las.dez anos depois, do outro lado do atlântico, durante um almoço na sede de uma fazenda, ele encontra um misterioso pintor ali exilado para se recuperar de uma crise psíquica
Esse homem, em quem ele supoe reconhecer um dos convidados do jantar no mosteiro, teria a chave do significado das iniciais
Ao tentar descobrir se o pintor é de fato quem ele imagina, o narrador se vê enredado num jogo labiríntico de identidades, no qual a própria realidade do mundo que o cerca será posta à prova.narrada em primeira pessoa por um escritor que é também jornalista, essa história ganha desde o início um ritmo intenso, o que se deve em parte à estranha congruência das situaçoes descritas
Elas têm a verossimilhança do que chamamos de inacreditável na vida real (por oposiçao à vida representada literariamente) e com isso abrem no leitor uma curiosidade irresistível sobre os efeitos que produziram
Lemos essa história pelo mais simples dos motivos: o desejo de saber o que aconteceu.com sua oralidade culta, o narrador dissemina pelo texto traços de personalidade e estados de espírito
Sou ingênuo, ele nos diz, sou crédulo, nao vejo o obvio, me espanto com o mundo, me sinto desamparado, fico perplexo, nao sei como agir
Mas ele diz também: nao tenho mais ilusoes
(embora conte com a escrita para pôr um ponto final no tempo que passou.)