Considerada hoje uma das mais importantes obras do naturalismo francês, thérèse raquin foi recebida com um escândalo no momento de sua publicaçao em 1867
Émile zola nao chegou a ser processado como flaubert ou condenado como baudelaire ? cujas obras, madame bovary e as flores do mal, respectivamente, também causaram celeuma quando foram lançadas dez anos antes ?, mas recebeu críticas severas: ?estabeleceu-se há alguns anos uma escola monstruosa de romancistas, que pretende substituir a eloqüência da carnagem pela eloqüência da carne, que apela para as curiosidades mais cirúrgicas, que reúne pestíferos para nos fazer admirar as veias saltadas, que se inspira diretamente do cólera, seu mestre, e que faz sair pus da consciência
(?) thérèse raquin é o resíduo de todos esses horrores publicados precedentemente
Nele, escorrem todo o sangue e todas as infâmias?? (ferragus)
Para zola, esse movimento da crítica foi até positivo
Apesar de já haver publicado cinco romances antes desse, thérèse raquin foi sua primeira grande obra (?a certidao de nascimento de um novo romancista?, segundo robert abirached), em que procurava aplicar os conceitos de uma nova teoria do romance: o naturalismo
Assim, as críticas lhe trouxeram uma publicidade inesperada e serviram de pretexto para reeditar thérèse no ano seguinte, acompanhado de um prefácio ? que se tornou clássico na história da literatura (e que apresentamos neste volume) ? no qual o autor discute a necessidade de se produzir um estudo profundo da alma humana, fazendo uma cópia exata e minuciosa da vida, sem pudores ou disfarces moralistas
Seu objetivo, segundo suas próprias palavras, é científico: ?cada capítulo constitui o estudo de um caso curioso de fisiologia?.